Seminarista Marcos fala da importância do trabalho missionário na fase de formação que vivencia
- vocacionalredentor
- 21 de jul. de 2017
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Seminarista Marcos Antônio fala das experiências dos trabalhos missionários que participou e da influência delas na fase de formação na qual está: Ano SPES. Depois de passar pelas Comunidades Vocacionais Santo Afonso e São Clemente, em Juz de Fora, os formandos dão uma pausa nos estudos acadêmicos e passam por um período de maior iintrospecção e encontro consigo mesmo.
Tendo participado de trabalhos missionários com a participação da Província do Rio, qual é o sentimento que fica depois que os trabalhos são finalizados?
Seminarista Marcos Antônio: O sentimento que fica é de alegria, dever cumprido e gratidão. Alegria pelo convite que o Padre Bruno me fez para participar dessa Semana Missionária e por ter aprendido e sido evangelizado pela experiência de fé e vida de oração do povo de Deus, além de ter sido revigorado vocacionalmente, e por fazer parte de uma Congregação missionária. Dever cumprido por ter feito um bom trabalho missionário e ter conseguido ajudar e iluminar um pouco a vida das pessoas da comunidade na qual trabalhei. Gratidão à Congregação (Província do Rio) por me possibilitar essa experiência rica e singular e confiar em meu trabalho.
Em qual aspecto o trabalho missionário o ajuda na formação? Acredita que ajuda a fortalecer a sua resposta positiva ao chamado?
Seminarista Marcos Antônio: Principalmente no aspecto (dimensão) espiritual/vocacional. Como disse anteriormente, a experiência de fé e vida de oração do povo de Deus me ensina muito, serve de modelo para a minha vida oracional. A confiança que eles têm em Deus mesmo mediante as situações mais adversas da vida me inspira a confiar mais em Deus, sem reclamar dos problemas da vida, pois Ele sabe o que faz, ao entregá-lo minha caminhada vocacional e deixar que Ele guie. Com certeza, o trabalho missionário fortalece meu chamado positivo a esse caminho, uma vez que percebo a partir dele uma identificação muito grande com o carisma missionário da Congregação Redentorista, desejo de ser uma Igreja em saída, que seja mais próxima do povo de Deus. Meu desejo vocacional se reaviva sempre a partir das Missões.
E qual a importância de se colocar à disposição de Deus para este tipo de trabalho? Muitas vezes encontra muitas pessoas carentes emocionalmente, que se sentem sozinhas e consegue perceber a grandeza do que faz?
Seminarista Marcos Antônio: A importância está no corresponder e ser fiel ao carisma da Congregação e ao nosso fundador, Santo Afonso Maria de Ligório que fundou os Redentoristas pensando exatamente na Missão, evangelizar os mais pobres e mais abandonados, numa igreja mais próxima do povo, conforme nos pede ultimamente nosso Santo Padre, Papa Francisco, que o Pastor tenha cheiro de ovelha, que sejamos uma igreja em saída. Estar disponível para a missão é importante principalmente para nós Redentoristas, pois estaremos vestindo nossa camisa, assumindo nossa identidade e fazendo aquilo que a Igreja hoje mais precisa: ser mais próxima do povo, acolhedora, sair de seus templos e ir ao encontro das pessoas, escutá-las, termos uma mente mais aberta, dialogar, deixar-se guiar por Deus e tomar como modelo de grande missionário o próprio Cristo. Percebo sim a grandeza no que faço. Essa grandeza está em algo muito simples, não no dizer ou dar conselhos a essas pessoas carentes, mas apenas escutá-las, deixar elas partilharem seus sentimentos, sofrimentos. Por vezes elas não têm quem as escute e veem no missionário essa pessoa com quem partilhar. Essa é a grandeza e o maior bem que podemos fazer para essa pessoa. Se necessário, pode-se até dar um conselho, mas inicialmente deve acontecer a escuta.
Formação: Ano SPES
Como está vivenciando o Ano SPES ( Síntese Pessoal de Experiências Substantivas)?
Seminarista Marcos Antônio: Estou vivenciando o SPES de forma muito boa, aproveitando esse tempo favorável e singular de minha caminhada vocacional para rezar e discernir a minha vocação, fazendo leituras que têm me ajudado a conhecer cada vez mais quem sou eu (quem sou eu quando, que é a pergunta fundamental dessa etapa), buscando sempre um crescimento e amadurecimento vocacional, lendo livros que não tinha possibilidade de ler e agora tenho, aproveitando bastante para intensificar minha vida de oração pessoal, tomando consciência de minha vida e história vocacional, buscando intensificar o sentimento de pertença à Congregação, dedicando aos trabalhos missionários que sou convidado a participar, aprendendo muito com a comunidade redentorista de Curvelo, vivendo intensamente a solidão, solidez e solidariedade, dedicando ao estudo do Espanhol e Português, enfim, aproveitando de tudo o que me oferecido para o meu crescimento e maturação humana, espiritual/vocacional, comunitária e acadêmica.
O que percebe de diferente desta fase de formação para as anteriores?
Seminarista Marcos Antônio: Nesta fase do SPES (Síntese Pessoal das Experiências Substantivas), o que tem de diferencial com relação às outras etapas, como dito na Ratio Formationis do SPES (documento que fala sobre o que se espera do formando em cada etapa de formação), é que neste tempo o formando realiza uma pausa, um respiro vocacional de nove meses, em que estando livre dos condicionamentos impostos pela estrutura dos colégios e faculdades é possibilitado ao formando rever, aprofundar e perceber o que assimilou como seu nas etapas anteriores e integrar o que não foi incorporado. Trata-se, portanto, de um resgate da própria história, acentuando o fato da Síntese das Experiências mais importantes (substantivas) que já foram vividas. Esta etapa tem como pergunta fundamental: “quem sou eu quando”? e para respondê-la é necessário que o formando se conheça bem. Tem como lema: “A esperança não decepciona” (Rm, 5,5). Esperar e acreditar plenamente em Deus na certeza de que Ele nunca nos abandona. O formando passa a morar numa comunidade religiosa, promovendo assim o crescimento do sentimento de pertença à Congregação Redentorista (Província do Rio), solidificando o vínculo vocacional e possibilitando um espaço de amadurecimento. Nesta etapa o seminarista passa a participar dos retiros e assembleias provinciais. É um tempo rico, singular e propício para intensificar a vida de oração, rezar sua própria vocação e história, buscando um discernimento vocacional. A Síntese Pessoal ao qual o formando é chamado a fazer se baseia em uma trilogia, a dos três SÓS: solidão (de coração, tendo em vista a purificação), solidez (fazendo com coragem um mergulho na própria história, buscando assim perseverar) e solidariedade (com a comunidade tendo em vista a partilha). Por fim, essa síntese é vivenciada de forma intensa pelo formando no chamado Mês Afonsiano de Deserto (mês de agosto), em que durante exatos 30 dias, os formandos são enviados para viver com as comunidades abandonadas do sertão de Minas e lá vivem fortemente a solidão, é testada a solidez do formando (capacidade de aguentar firme) e a sensibilidade de ser solidário aos mais pobres e abandonados.
Como manter acesa a chama do “SIM” inicial?
Seminarista Marcos Antônio: Para manter acesa a chama do “Sim” inicial é necessário um cultivo vocacional, um cuidado com a própria vocação, uma vida de oração pessoal e comunitária intensa pedindo as luzes, a força para perseverar e o discernimento vocacional, além da participação nas missas. É necessário estar intimamente ligado com Deus, sempre em diálogo com Ele, e esse diálogo só acontece através da vida de oração, no silenciar-se para ouvir a voz de Deus. Para que essa chama se mantenha acesa é importante que se aproveite de tudo o que a formação lhe oferece, que se tenha disciplina no dia a dia, buscando sempre a maturação humana e vocacional, sempre com o desejo de fazer a vontade de Deus e reafirmando o “sim” vocacional na vivência cotidiana.
Qual Santo Redentorista mais o inspira em sua caminhada?
Seminarista Marcos Antônio: O Santo Redentorista que mais inspira na minha caminhada vocacional é o fundador dos Redentoristas: Santo Afonso Maria de Ligório. O mesmo me inspira principalmente por conta da sua história de vida, como foi o seu despertar vocacional e suas conversões. Nascido em uma família nobre, não hesitou em renunciar à riqueza, nobreza e à advocacia (profissão que exerceu durante um tempo seguindo o desejo de seu pai) para seguir o seu desejo de se doar a Deus de forma mais plena, seguindo, portanto a vocação sacerdotal. Essa foi, podemos dizer a primeira conversão de Santo Afonso, deixar aquilo que seu pai queria para ele e seguir sua verdadeira vocação: o sacerdócio. Sendo Padre, se sente tocado em um momento de descanso, em que pôde conviver com os cabreiros que não conheciam quase nada sobre Jesus, os evangelhos, a fundar uma Congregação Missionária, cujo carisma fosse evangelizar os pobres e mais abandonados. Daí ele funda a Congregação Redentorista. Por isso, Santo Afonso me inspira. Ele é um modelo de entrega à vontade de Deus, que ousou trilhar novos caminhos de conversão de vida, a partir da fé e vida de oração que tinha, fé que Deus nunca o abandonaria.
Um convite aos jovens que receberam o chamado, mais ainda estão com dúvida no coração.
Seminarista Marcos Antônio: Se você jovem sente-se chamado a seguir a Jesus, nosso Redentor mais de perto, não tenha medo de ousar a seguir esse caminho. As dúvidas fazem parte de toda e qualquer escolha, mas você só conseguirá acabar com essa dúvida se tiver a coragem de responder positivamente a esse chamado, de buscar discerni-lo, discernimento vocacional que estou fazendo nesse tempo de formação. Entrar no seminário não é certeza plena de sua vocação, mas é buscar discerni-la no decorrer da caminhada vocacional. Por isso, se algum de vocês sente o desejo de seguir essa vocação específica, mesmo mediante as dúvidas, medos, receios, tenham a coragem de ousar seguir esse caminho, não desanimem, pois vale a pena. Não me arrependo de ter feito essa escolha, pelo contrário, sou muito feliz por ter escolhido essa vocação (sacerdócio). São nove anos que estou no seminário, tempo de muito crescimento e aprendizado, e com certeza será esse tempo favorável de amadurecimento vocacional para você. Responda sim a esse chamado e deixe Deus te guiar. É necessário arriscar para futuramente você não se arrepender de ter tentando trilhar essa caminhada. Venha, portanto, ser um Missionário Redentorista! Entre em contato conosco!
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