Discernir os chamados

Temos muitos apelos atualmente. Somos constantemente bombardeados por propagandas de diversos produtos e das mais variadas funções, não apenas visual ou sonoramente em nossas idas e vindas pelas ruas, mas, sobretudo pelos meios de comunicação de massa que fazem parte essencial da vida humana no século XXI. Diante de tantos apelos ao consumismo e ao instantâneo, não raras vezes, nos sentimos perdidos e vazios, pois, quanto mais compramos, mais queremos comprar.

Têm em comum todos esses apelos externos uma diabólica característica: tiram o ser humano do seu centro e questionam o seu ser sujeito na vida até o ponto das pessoas perderem sua liberdade e só buscarem sentido vital nas coisas materiais. Assim, muitos de nossos irmãos vivem suas vidas divididos, fragmentados internamente e com uma enorme sede de consumo que jamais será saciada. Tal comportamento é estendido inclusive às pessoas de seu convívio, transformando pessoas em objetos... Por acréscimo, vivem assim também sua fé: buscam santos ou receitas mágicas que lhes atendam no hoje da vida e, quando têm o desejo realizado, esquecem Deus.

Justamente o esquecimento de Deus tem sido nosso maior pecado atual. O esquecimento, porém, não diz respeito às invocações constantes Dele em nossos momentos de angústia ou da tentativa de O moldarmos à nossa imagem e semelhança, mas, isto sim, o de conhecermos Deus como Ele realmente é. Afinal, para isso, demanda-nos investimento pessoal, tempo, crescimento espiritual e paciência. Ou seja, é necessário nos voltarmos para dentro de nós mesmos para ouvi-Lo. Entretanto, temos medo de olharmos para nosso interior porque, vivendo a lógica mundana atual, só veremos fugacidade, vaidade e banalidades. Interessante como somos paradoxais, não? Vivemos a vida buscando as coisas que passam atendendo aos apelos mercadológicos e, ao mesmo tempo, quando olhamos para nosso interior, sentimos decepção com o que vemos e vergonha de nossos pecados!

Assim, urge para nosso tempo atual que nós, cristãos, tenhamos coragem de discernir bem os apelos/chamados que recebemos em nossa vida quotidiana, rejeitando aquilo que não está de acordo com os planos de Deus para nossas vidas. Para isso, torna-se necessária a pergunta: “Senhor, que queres que eu faça?” (At 9, 6), afinal, só o Senhor tem palavras de vida eterna (cf. Jo 6, 68). Vocacionado, você já se fez esta pergunta? Qual a sua vocação? Tenha essa coragem, empreenda meios de se aprofundar nesse mistério e realizar a vontade de Deus em você, pois este é o verdadeiro chamado que traz vida. Se assim o fizer, é certo que você será realizado e feliz!

Padre Bruno Alves Coelho, C.Ss.R. -

Promotor Vocacional da Província do Rio.