Entrevista com padre Mauro Carvalhais de Oliveira, C.Ss.R
- Akikolá
- 11 de jul. de 2016
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Ao completar 60 anos de Profissão Religiosa, Pe. Carvalhais nos conta como descobriu sua vocação, as dificuldades que enfrentou e a alegria de fazer parte da Congregação do Santíssimo Redentor.
Como o senhor conheceu os Redentoristas e se interessou em fazer parte dessa congregação?
O meu conhecimento se prende às Santas Missões, pregadas pelos Missionários Redentoristas no ano de 1949, mais precisamente no mês de março pela equipe de Curvelo: Pe. Gaspar, Pe. Vieira e Pe. Pascoal. Tão logo, lá chegaram, pus-me em contato com os mesmos, me oferecendo para ajudá-los como coroinha. O trabalho missionário junto ao povo sofrido e machucado na vida me atraiu. Sentia-me feliz vendo o povo chegar para as Missões nas várias capelas da Paróquia e assim me veio o “toque da Graça de Deus”: quero ser padre para trabalhar com esta gente. A resposta demorou devido a meu “velho pai” não concordar com minha vontade, enquanto minha mãe aceitou e sentiu-se feliz! Entretanto, a permissão dela dependia da autorização dele. Relutei, conversei com o Pe. mestre, o Pe. Gaspar Hanapel, (que em 16/07/196 marcou presença preparando o povo para a celebração da primeira missa na minha terra natal), e com o vigário local, o Cônego José Inácio de Melo. Com a intervenção deles obtive a licença em junho de 1949, dando início à minha caminhada vocacional.
Ao completar 60 anos de Profissão Religiosa, como o senhor avalia a trajetória redentorista percorrida até aqui? A trajetória Redentorista teve altos e baixos. Incompreensão do “velho pai”, que não compreendia bem minha decisão. Entretanto, a graça de Deus foi maior e, com a ajuda e as bênçãos de Nossa Senhora, falou mais alto. No final do ano de 1954 voltei a Rio Vermelho para despedir-me da família. E, mais uma vez o “velho pai” não aceitou que eu voltasse para Congonhas. Veio em minha companhia para tirar-me do seminário. Disse a ele: “eu quero ficar e o senhor pode voltar”. Ele abraçou-me e chorou muito, voltou e continuei no seminário com a ajuda de Nossa Senhora. Fui para Juiz de Fora em 1955. Iniciei o noviciado em 1956. Fiz a Profissão Religiosa também em Juiz de Fora, iniciando os estudos de Filosofia e Teologia no Seminário da Floresta. Não me foi fácil, mas sempre pedi e contei com a proteção de Nossa Senhora. Em 29/01/1961 teve lugar a Ordenação Sacerdotal, no Seminário da Floresta, com a presença da família alegre e feliz, enquanto meu“velho pai” chorava de emoção. Diria que minha trajetória Redentoristas e resume no trabalho missionário: missões populares de 1964 a 1977, nas casas de Curvelo, Coronel Fabriciano, Juiz de Fora, Floresta, Três Corações, Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Sempre gostei do trabalho com os mais simples, os mais humildes, os mais pobres e, principalmente, como homem do campo. Resumindo: recebi mais do que dei. À bondade de Deus e à Congregação Redentorista,minha gratidão. Perdão eu peço pelas minhas omissões,pelas minhas falhas: “a misericórdia de Deus é maior que o meu pecado”. E agora, aqui em Belo Horizonte, com a saúde um pouco abalada, tento reparar minhas falhas, meus pecados e limitações oferecendo a Deus os anos de vida que ainda me restam.
Fale sobre a presença redentorista e a sua relação com a comunidade do Cemitério do Peixe, no município de Conceição do Mato Dentro.
Já é bem antiga. Na época dos primeiros padres que aqui chegaram, lá estiveram pregando Santas Missões, atendendo ao pedido do pároco de Congonhas do Norte .A minha presença aconteceu em 1964, quando, a pedido do Monsenhor José Batista Santos, pregamos as missões: Pe. Freitas e eu. Povo completamente abandonado. Muitos da diocese não conhecem o lugar. A presença missionária só acontece no período de 07 a 15 de agosto. A pedido de Dom Paulo Farias, no ano de 2004, assumi uma presença mais contínua, indo uma vez por mês, permanecendo ali uma semana. E assim, dentro das nossas limitações podemos fazer algumas coisas como: melhoramento na casa paroquial, na casa do romeiro e na igreja para acolher melhor os romeiros. Graças aos devotos de São Miguel e à paróquia de São José em Belo Horizonte, onde muitos nos ajudaram. No período do jubileu, de 07 a 15 de agosto, reúnem-se aproximadamente quatro a cinco mil devotos, abrangendo toda a região.
Deixe um recado para os jovens que também desejam seguir o Redentor.
Eis o meu recado: gastar a vida com aquele povo sofrido, amado por Deus e esquecido pelos homens. Vale apena! A gente sente muita paz, alegria.É o cêntuplo que Jesus prometeu a todos os missionários.
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