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Outras margens

  • vocacionalredentor
  • 23 de out. de 2015
  • 2 min de leitura

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Vida de gente não se mapeia prontamente. Dom divino, fonte de graça renovada, força pulsante. Vem sem cartilha e não se acomoda em receita. Jorra como água limpa, sem margens, desajustada. É no correr do tempo que os contornos nascem. Seus segredos são únicos em cada pessoa, mesmo sendo de espécie igual. Animal é programado, cheio por natureza, está completo. Tem ciclo marcado, instinto bem definido. Homem, não; é carência, finitude inquieta. Nasce desamparado e necessita de cuidado, do princípio ao fim. Não sobrevive sem o drama de encontros e desencontros. Vaso de argila modelável, de identidade frágil. Ainda bem que, animado pelo Espírito, torna-se grande, no hálito do criador. Grandeza composta de dom e liberdade. No fogo de tal binômio, existência se molda. Arte de molduras variadas, nas decisões cotidianas. E todo dia, o dia todo, um descortinar aberto, de horizontes largos. Mesmo o sono, ócio produtivo, gera sonhos germinais. Graça atualizada, não se repete. Fluxo de sem fim, imenso milagre, indedutível.


Nos reveses da rotina, gente sofre e ama. E quem nunca chorou por um ideal ou por alguém, certamente tem peito duro, pedregoso. Carne rígida. Não tem jeito, coração tem cordas de canções diversas. Pena, companheiro, quando se confunde a dança dos afetos com doença. As horas em que o cerco aperta ou que o sentido escapa merecem contemplação. Não deveriam ser, por medo, sufocadas, anestesiadas. Palavra calada vira fantasma. Acaba sendo dita de formas tortas. Bom mesmo é ir compondo canções, com os acordes dos sentimentos. Bons ou ruins, os acenos do coração querem companhia amiga. Melhor viver entregue, ser bem inteiro, porque a vida é única. E seus ciclos são sagrados, seja nas podas ou nas colheitas existenciais. Sempre haverá renúncias, amargas no início. Caso virem oferta, terão o doce do mel. Pão gostoso só cresce na espera. Depois da curva, paisagem; da tempestade, estação nova. E que o Santo Espírito, hóspede da casa humana, espante a tentação de gente virar mercadoria.


É muito bom ser assim, aprendiz de corpo e alma, abertura infinita. Meu irmão, melhor ainda é saber que essa carne humana é matéria divina. Morada do espírito celeste, modelada no Verbo. Sem a Palavra, seria carne fechada, apenas objeto sem destino. Porém, é mistura fina de céu e barro. O Verbo se fez carne e nele a frágil vida humana viu sua glória. Tem valor de eternidade a história errante. O pequeno e o grande possuem dignidade igual no Reino do Céu. São filhos da mesma raça; da nobre origem divina. Ninguém jamais terá uma notícia mais importante: ser cifra do bom Deus, filhos no Filho eterno. Gente não ama só por precisão, ama por vocação originária. Porque não tem outro futuro melhor. Por isso, não aceita descarte, exclusão, ou qualquer outra forma banal. Porque quando Deus, fonte inesgotável do amor, saiu de si para amar, nasceu a humanidade. Gratuitamente, em seu Filho amado, criou o homem, parceiro de eternidade. Que seja, então, sempre abençoada e cuidada, a bela casa divina, a misteriosa humanidade.


Pe. Vicente Ferreira, C.Ss.R


Imagem: Margens, gravura digital. José Veloso, 2015


Fonte: www.provinciadorio.org.br


 
 
 

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