Teologia e História do Dia Mundial de Oração pelas Vocações
- vocacionalredentor
- 24 de abr. de 2015
- 3 min de leitura

Nossa fé cristã tem como ponto de partida o misterioso fato de que Deus é quem teve a iniciativa de se dirigir e se revelar a nós, “aprouve a Deus, em sua bondade e sabedoria, revelar a si próprio e tornar conhecido o mistério de sua vontade [cf. Ef 1,9], pelo qual os homens por Cristo, Verbo feito carne, no Espírito Santo têm acesso ao Pai e se tornam partícipes da natureza divina [cf. Ef 2,18; 2Pd 1,14]. Mediante esta revelação, portanto, o Deus invisível [cf. Cl 1,15; 1Tm 1,17], levado por seu grande amor, fala aos homens como a amigos [cf. Ex 33,11; Jo 15,14s] e entretém-se com eles [cf. Br 3,38] para convidá-los e recebê-los em sua comunhão” (Constituição Dogmática Dei Verbum 2). Essa busca primeira de Deus pelo ser humano não é um ato sem intencionalidade da parte de Deus, pois visa justamente à comunhão entre Criador e criatura a partir da história. Portanto, a relação cristã com Deus comporta sempre a dimensão da missão.
Por tal abertura à missão, ou seja, construir o Reino de Deus no mundo, a vida cristã comporta a misteriosa realidade do chamado. Para nós cristãos, Deus chama. Um chamado à santidade, à vida em comum como Igreja e ao trabalho em sua messe. Assim, o chamado é trabalho assumido na generosidade da resposta de cada um. Entretanto, nem sempre o ser humano está realmente sintonizado com o mistério divino, mesmo podendo passar muito tempo no serviço eclesial. Devido a esta característica da não captação do Mistério, é necessário que a Igreja, comunidade dos fiéis, esteja em constante oração para que ocorra a educação da sensibilidade de abertura do coração para escutar o chamado de Deus.
Uma das formas mais concretas de expressão dessa comunhão de fé é a oração pelas vocações, onde a Igreja roga insistentemente para que cada um escute e responda positivamente ao chamado feito por Deus, embasada no que disse Jesus: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que envie trabalhadores para sua colheita!” (cf. Mt 9,37-38). Embora a oração pelas vocações mais tradicional seja sempre dirigida para os Ministérios Ordenados e para a Vida Religiosa, ela não é exclusividade da hierarquia da Igreja, mas voltada para todos os fiéis em sua vida particular e eclesial, pois a tônica deve ser colocada no versículo anterior à fala de Jesus para pedir sempre por trabalhadores: “Ao ver as multidões, Jesus encheu-se de compaixão por elas, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor” (cf. Mt 9,36). Ou seja, rezar pelas vocações na Igreja é pedir por lideranças que assumam o jeito de Jesus no relacionamento com os irmãos; ser pastor/líder é ter a coragem de gastar tempo com o outro que se aproxima a fim de dar-lhe mais vida e aliviar suas dores. Daí, seu caráter universal e extensivo a todos os cristãos e não apenas aos padres e religiosos.
Como forma de evidenciar o caráter universal da oração pelas vocações e o resgate do sentido de vocação na Igreja à luz do Concílio Vaticano II, o Papa Paulo VI instituiu o Dia Mundial de Oração pelas Vocações em 23 de janeiro de 1964, embora o anúncio oficial tenha ocorrido apenas em 02 de fevereiro daquele mesmo ano. Assim, Paulo VI, no dia 11 de abril de 1964, Domingo do Bom Pastor, proferiu a mensagem do 1º Dia Mundial de Oração pelas Vocações: “Neste domingo, que na liturgia Romana toma do Evangelho o nome de Bom Pastor, se unam num único anseio de oração as fileiras generosas dos católicos de todo o mundo para invocar ao Senhor os operários necessários para a sua messe. E para que este Dia Mundial de Oração pelas Vocações Sacerdotais e Religiosas tenha aquele ecoar merecido, desejamos dirigir a nossa palavra de estímulo a todos os nossos filhos diletíssimos, a fim de que nenhum falte a um dever tão grave e de tanta generosidade”.
Neste ano de 2015, celebraremos o 51º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, em 26 de abril, Domingo do Bom Pastor. Portanto, faça a sua oração pelas vocações presbiterais e religiosas, mas, também, pelos agentes pastorais leigos tão necessários para o bom caminhar de sua paróquia. Que o Bom Pastor seja o nosso guia em nossa vivência eclesial e continue suscitando entre seu povo o desejo de servi-lo mais generosamente na Igreja, em seus ministérios e pastorais para a construção do Reino e edificação do Povo de Deus!
Padre Bruno Alves Coelho, C.Ss.R. - Belo Horizonte, MG
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