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O Kairós que transforma Chronos

  • vocacionalredentor
  • 10 de dez. de 2014
  • 2 min de leitura

O fim de mais um ano vai chegando e com isso, uma pergunta se torna inevitável: o que fizemos do nosso tempo? A cada ano temos a sensação de que o tempo passa mais depressa, parece que somos arrastados pela onda de fatos e acontecimentos e dos inúmeros compromissos da nossa agenda, cada vez mais cheia. O que foi notícia ontem, já foi esquecido. As exigências da vida moderna são tantas, que precisaríamos de um dia com mais de 24 horas para dar conta de tudo! Esquece-se muitas vezes que o tempo não se reduz a razão meramente matemática, com sua sucessão de dias, meses e anos. O tempo é ou deveria ser o lugar da semeadura de nossa existência, na esperança de uma colheita farta e generosa de novos horizontes de mais vida.


Os gregos tinham duas compreensões para o tempo: Chronos e Kairós. O primeiro diz respeito ao tempo cronológico, medido pelo relógio, sequencial, que marca a sucessão das coisas. É o tempo do cotidiano, da rotina linear, aquele que já estamos habituados, do qual parece ser impossível escapar. A segunda compreensão, Kairós, seria o tempo oportuno, isto é, o momento certo, para a coisa certa. A experiência temporal do Kairós simboliza o instante único, singular, por isso irrepetível, que irrompe no presente, apresentando-nos a ocasião certa para agir e decidir.


O tempo é acima de tudo qualidade do existir, não somente uma sucessão sem fim de coisas que denominamos novas ou velhas, mas deve ser a dimensão que nos abre a busca pela eternidade e nos enche de esperança. Nesse sentido, Kairós vai ao encontro com esta perspectiva, porque rompe com o tempo absoluto representado por Chronos e instaura o instante oportuno, o momento da graça, como nos ensina a fé cristã, nos permitindo captar e acolher o dom de cada dia, cheio de surpresas e oportunidades únicas, e por isso, preciosas.


Viver a perspectiva kairológica nos liberta dos condicionamentos que o tempo tornado lucro nos impõe, como o de confiarmos de modo exagerado em nós mesmos ou de que podemos controlar os fatos e acontecimentos da existência, ou ainda, a fantasia da imediatez que a cultura tecnológica nos impõe, da postura de lamentação e pessimismo que comumente assumimos quando os momentos de perigo, fadigas e insucessos nos assaltam.


Mas, para acolher e viver o Kairós que transforma o Chronos tão duro do dia a dia requer-se uma postura de vigilância, que significa estar alerta à realidade e a si mesmo, para não viver como piloto automático ligado. A vigilância implica estar sintonizado com a realidade para sentir a vida mesmo nas tensões provocadas por tantos afazeres, como nos recorda o teólogo redentorista Bernhard Häring: “O cristão vigilante, pelo contrário, vive profundamente imerso na história da salvação, isto é, no aqui-e-agora, descobrindo tudo o que lhe oferece e o que lhe exige o momento presente”. Somente aquele que possui um coração agradecido é capaz de perceber e receber a dádiva de cada instante e de viver cada momento como um tempo único de graça, Kairós. Fiquemos com o conselho de Rubem Alves: “O tempo pode ser medido com as batidas de um relógio ou pode ser medido com as batidas do coração”.


Rodrigo Costa - Noviço na Província do Rio


 
 
 

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