Igreja de saída?
- vocacionalredentor
- 28 de out. de 2014
- 3 min de leitura
Desde o início de seu pontificado, o Papa Francisco tem chamado a atenção dos cristãos católicos de todo o mundo, recordando-nos que devemos ser uma “Igreja de saída”. O Papa deseja que a Igreja assuma uma postura diferente, que saia em direção às “periferias existenciais” de nosso tempo, que por sinal são muitas, para encontrar os irmãos que ficaram à beira do caminho, acidentados e abandonados. A vocação do cristão encontra sua imagem na figura do Bom Samaritano que olha com misericórdia e se compadece daquele que está ferido: “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças”, é o caminho que nos aponta o Papa Francisco na Exortação Evangelli Gaudium. Ora, as palavras do Papa não deveriam soar como novidade ou surpresa para os cristãos, mas como incentivo para vivermos nossa vocação de sermos Igreja.
A Igreja é, em sua natureza, missionária. Sua vocação é uma resposta ao mandato do Jesus: “Ide, portanto, e fazei que todos os povos se tornem discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei” (Mt 28, 19-20). Este é o grande projeto de amor do Pai: sermos povo de Deus a caminho e família dos filhos e filhas de Deus, que experimentam seu amor e são impelidos a proclamá-lo a todos os povos. Portanto, o cristão é convidado a ser o fermento de Deus no meio da humanidade, sinal e testemunha de seu amor. A Igreja deve ser um lar acolhedor, sem exclusões, como a nossa casa, o espaço da misericórdia gratuita, onde todos possam sentir-se à vontade. Qual modelo de Igreja queremos ser?
“A Igreja é como um hospital de campo e a primeira coisa é curar as feridas, não fazer a dosagem do colesterol”. Com essas palavras simples e talvez até cômicas, o Papa Francisco resume a missão de uma Igreja “em saída”, que está sempre de portas abertas para acolher a todos, e não se preocupa com os detalhes. Uma Igreja que quer estar sempre pronta para servir, à semelhança do Pai na Parábola do Filho Pródigo, que só quer receber o filho que retorna ao convívio da casa paterna, sem impor-lhe dificuldades. A Igreja não é um lugar reservado aos “eleitos”, onde somente os “puros” podem entrar e tomar parte do banquete. Cada vez que entramos na Igreja, deveríamos pensar na novidade e no gesto revolucionário que esse ato representa, porque, diferentemente do Templo de Jerusalém, em que as mulheres, os estrangeiros e os pagãos não podiam entrar e tomar parte do culto, na Igreja, comunidade de irmãos, há espaço para todos.
“Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês” (Jo 20, 21). O mandato de Jesus é cheio de atualidade. Mais do que em qualquer outra época, somos enviados a tornar presente o próprio Cristo no mundo. E o fazemos na medida em que experimentamos o frescor da Boa Nova de Jesus e nos dispomos a sair pelas estradas empoeiradas da vida, a nos “sujar” com aqueles que foram esquecidos pelo caminho, talvez por nossas próprias comunidades, reintegrando-os à Igreja, sacramento do Reino que virá, lugar de renascimento contínuo para mais vida e redenção. Não podemos fugir à nossa missão...!
Rodrigo Costa - Noviço da Proíncia do Rio
Fonte: www.provinciadorio.org.br
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