Surpresa de Deus
- vocacionalredentor
- 25 de ago. de 2014
- 3 min de leitura
Celebrar a Assunção de Maria é um convite a contemplarmos as surpresas de Deus realizadas na vida de Maria, a primeira a participar da plenitude da glória de Deus. Sendo humana, como cada de um de nós, experimentou e chegou à realização plena de todas as suas potencialidades humanas. Vivendo a existência concretamente como esposa, mãe e mulher, mas continuamente voltada para o Altíssimo, sua vida prefigura o que acontecerá com cada um de nós, e nos exorta a sermos também abertos a graça de Deus. Ela é chamada de a “cheia de graça, e tudo nela é proclamação e reconhecimento das maravilhas realizadas em sua vida pobre, simples e escondida de Nazaré. Maria é ícone de uma humanidade plenamente aberta ao Criador, por isso a Igreja faz memória de sua Assunção ao céu. A festa que teve início no oriente, por volta do ano 600, por ordem do Imperador Maurikios Flavios Tiberios, se chamava “Domitio Mariae”, o Sono de Maria. Em 1950, o Papa Pio XII, proclamou a Assunção de Maria como dogma de fé.
Maria vive e acolhe as surpresas de Deus no cotidiano da vida, porque sintonizada com o seu projeto salvífico. Surpreendida na vida simples e anônima de Nazaré, vive um contínuo diálogo amoroso com seu Deus, percebe-se conduzida pelo chamado de Deus, que a levará a trilhar uma aventura humana e religiosa, marcada por provações e rupturas. Diante da grandiosidade do mistério que a envolve, muitas vezes incompreensível, sua atitude é de contemplação e reverência (Lc 2, 51). Desde sempre, presente nos diversos acontecimentos da vida de seu filho, nos ensina o seguimento radical, ela é a primeira discípula, disponível para todo o serviço (Lc 11, 18).
Contemplando a vida de Maria, percebemos que sua vida inaugura para todo ser humano, um caminho pleno de realização e sentido. Ela é feliz não só por causa de sua maternidade corporal, mas por se saber agraciada e amada, e por isso, capaz de ouvir a palavra de Deus e colocá-la em prática (Lc 11, 18), pois responder com generosidade sem cálculo, simplicidade e total dedicação ao chamado de Deus, é o ato mais digno da vida do ser humano. Sob essa ótica, podemos entender o Magnificat, o cântico de Maria, que é a síntese de toda obra realizada por Deus em sua vida e em torno dela.
No belíssimo poema “Dizer teu nome Maria”, Dom Pedro Casaldáliga assim se expressa: “Dizer teu nome, Maria, é dizer que a pobreza compra os olhares de Deus”. De fato, é por não estar cheia de si mesma, que Deus encontrou espaço para operar maravilhas, fazendo acontecer suas surpresas, ao contrário daqueles que cheios de si mesmo, não dão espaço para que a graça se manifeste, são incessíveis ao Deus que chama por meio dos acontecimentos e das pessoas. A Virgem de Nazaré assinou um decreto em branco ao dizer o seu SIM incondicional, nem imaginava aonde aquele chamado a levaria, mas soube ser serva fiel até mesmo na hora mais dolorosa, o pé da cruz. O Espírito que nela fez morada a transformou em templo vivo, lugar onde brilha o esplendor da nova criatura. Portanto, Maria é modelo de uma humanidade nova, porque reconhece o primado da iniciativa de Deus Amor, e porta aberta para suas surpresas. Um dia, também nós seremos acolhidos por Deus em sua glória, com tudo aquilo que compôs a trama da nossa existência, e cantaremos o cântico dos que se sabem amados e “cheios de graça” do jeito de Maria.
Rodrigo Costa - Noviço da Província do Rio
Comments