Caminhamos na estrada de Jesus
- vocacionalredentor
- 12 de ago. de 2014
- 3 min de leitura
O título deste texto é uma das respostas da Prece Eucarística V, expressão de um desejo sincero de colocar-se a caminho, respondendo com abertura de coração ao convite que Jesus nos faz para tornar-se seu discípulo(a). Jesus mesmo se declara como sendo o Caminho, a Verdade e a Vida, e segui-lo significa assumir um projeto de vida profundamente existencial. O importante é que cada um se perceba vocacionado, pois todos somos chamados para realizar alguma coisa. A vocação tem muito a ver com os nossos desejos, com o nosso anseio de realização plena. E ela não surge ao acaso, mas é fruto de um relacionamento íntimo entre Deus e o ser humano, em outras palavras, é um convite de Amor. O Criador mesmo se adianta e nos propõe caminhos de realização e plenitude. Ser vocacionado(a) significa entrar no mistério de predileção e gratuidade de Deus.
Toda vocação é um dom de Deus, mas é também um dom pessoal, pois Cristo mesmo nos chama pelo nome, lança sobre nós seu olhar apaixonado, que nos interpela: “Segue-me”. Assim, o vocacionado é aquele que foi “conquistado por Cristo” (Fl 3, 4-14), e sua resposta é um reconhecimento por esse amor gratuito e pessoal, experimentado com intensidade no próprio coração, como nos conta um grande vocacionado, Agostinho de Hipona:
“Chamaste, e clamaste, e rompeste minha surdez; brilhaste, cintilaste, e afastastes minha cegueira; exalastes o Teu perfume, e eu respirei e suspiro por Ti, saboreei-Te, e tenho fome e sede; tocaste-me, e inflamei-me no desejo de Tua paz”.
Mas, o chamado de Deus nunca é imposição, Ele apenas propõe. É convite, que deve ser respondido na liberdade e na sinceridade, conscientes de que se aceitamos, passamos a trilhar um caminho de realização pessoal e de felicidade, que é o grande sonho do Criador para cada uma de suas criaturas. Também não somos convidados por nossos méritos ou talentos. A lógica de Deus é bem diferente da lógica deste mundo de competição e produtividade.
Não podemos nos esquecer de que o primeiro convite que recebemos é para “estar com Jesus” (Mc 3, 14), participar de sua vida, comungar nossa vida com a d’Ele. Para que isso aconteça é necessário ter “momentos de qualidade” de união com Aquele que nos chama, através do cultivo da oração e da nossa afetividade espiritual. Santo Tomás de Aquino nos lembra que “A vida do homem consiste no afeto que principalmente o sustenta e no qual encontra sua maior satisfação”. Esse momento nos prepara para o seguinte, mas só poderemos seguir adiante se estamos inteiramente “voltados para o Pai” à semelhança de Jesus.
O passo seguinte no cumprimento de nossa vocação nos diz da nossa missão, pois vocação é também uma voz para ação. Seguir a Cristo, caminhar em sua estrada, implica compartilhar com Ele de sua missão. Esse é o imperativo após termos experimentado seu “enlouquecido amor” por nós. Ninguém é chamado para benefício próprio, mas para um serviço bastante concreto, nos realizamos na medida em que vivemos verdadeiramente nossa vocação. Ninguém é igualmente convidado para uma missão da qual não se sinta feliz, portanto o critério da vocação é a alegria e o contentamento, porque com ela, descobrimos nosso lugar no mundo, encontramos o sentido último da nossa existência, e nossa vida se unifica e ganha qualidade.
Concluindo, na vivencia da vocação para a qual fomos chamados, “importa prosseguir decididamente” (Fl 3, 16), sempre atentos aos “sinais dos tempos”, que pedem de nós uma resposta concreta, sempre na alegria e na gratidão por ser chamado a trilhar um caminho pleno de vida e sentido, o caminho do próprio Jesus.
Rodrigo Costa - Noviço da Província do Rio
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