PHA: Por hoje Amar!
- vocacionalredentor
- 1 de ago. de 2014
- 3 min de leitura
Talvez você nunca tenha visto esta sigla, ela vem de uma tradição espiritual que teve seus inícios no século XVIII com Santo Afonso de Ligório (1696-1787), mas que ainda hoje é plena de atualidade. Trata-se acima de tudo de uma proposta que nos instiga e desafia: Por hoje Amar! Não se trata de uma teoria, mas de um caminho que brota de uma prática de vida, é uma espiritualidade encarnada, que por isso toca a nossa existência de modo concreto. A característica fundamental desta proposta é a essencialidade e a simplicidade. Afonso não faz rodeios, mas vai ao âmago do mistério, a própria pessoa de Jesus Cristo, que através da suaKénosis, despojamento total de si, porque nos ama tanto, realiza a Redenção da humanidade.
“Deus amou de tal forma o mundo que lhe deu seu Filho único” (Jo 3, 16): eis a intuição de Afonso, que permite esboçar toda a sua espiritualidade. O Amor ocupa o centro de sua proposta espiritual, o que não se trata de mero sentimentalismo, mas diz de um Cristo histórico, que se torna humano, para demonstrar o Amor infinito de Deus por nós. Citando um provérbio antigo, Santo Afonso lembrará: “o amor enlouquece quem ama”, é assim que, extasiado e envolvido por esse mistério, Afonso o define. Deus mesmo sai para fora de si, porque nos ama, e isso, humanamente falando, é escândalo e loucura. No entanto, a finalidade desse movimento de Redenção realizado por Jesus, é fazer-nos sentir seu amor, é incluir-nos na sua dinâmica de amor sem medidas, atrair-nos, “com laços de amor” (Os 11, 4).
“O amor de Cristo nos constrange” (2 Cor 5, 14) e é isso que Santo Afonso nos ajuda a entender, para chegarmos à seguinte conclusão: só podemos corresponder a esse infinito amor através do nosso pequenino amor, pois amor com amor se paga: “Toda santidade e perfeição de uma pessoa consiste em amar Jesus Cristo, nosso Deus, nosso maior bem, nosso salvador”. Esse é o caminho de santidade que Afonso nos propõe, seguir o exemplo de Cristo Redentor, através do amor, isto é, dar continuidade a sua obra de Redenção a partir da minha novidade, do meu amor, mesmo sendo ele frágil ou limitado, mas que é antes de tudo, dom de Deus: “Deus deseja que todos sejam santos, e cada um conforme sua vocação e estado de vida: o religioso como religioso, o secular como secular, o padre como padre, o casado como casado, o homem de negócios como homem de negócios, o soldado como soldado, e assim por diante com os outros estados de vida”, é o que escreve Santo Afonso na “Prática de amar a Jesus Cristo”. Trata-se de ir nos configurado a Cristo, fazer dos seus sentimentos os nossos também.Como não se lembrar da bela canção do Pe. Zezinho:
“Amar como Jesus amou/ Sonhar como Jesus sonhou
Pensar como Jesus pensou/ Viver como Jesus viveu
Sentir o que Jesus sentia/ Sorrir como Jesus sorria”
Mas para crescer concretamente nesse caminho de santidade, que é lugar de realização plena e de amor sem medidas, Afonso propõe três passos. O primeiro deles é o distacco, desapego, em outras palavras, não “grudar” em nada, para ser livre e despojado: “É preciso amar a Deus como ele quer, e não como nós queremos. Deus quer que o coração esteja despojado de tudo, para se unir e se saciar de seu amor”. O segundo é afetividade espiritual, que se trata de crescer na resposta ao amor de Deus, tornar-se íntimo de Jesus, como um amigo. E o terceiro, auniformidade com a vontade de Deus, que se trata de uma obediência de amor, é perguntar de todo coração: “Senhor, que quereis que eu faça?”. Não podemos nos esquecer de que todos esses passos devem ser permeados pela oração, que fará crescer em nós o amor, nos convertendo dia após dia. Há pessoas que passam a vida toda evitando o pecar, mas também nunca amaram verdadeiramente. Só por hoje amar. Só por hoje, na minha precariedade, com as minhas infidelidades, no lugar onde estou, quero assumir e viver o projeto de Amor que Deus sonhou pra mim desde sempre.
Rodrigo Costa
Noviço na Província do Rio
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