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O homem supera infinitamente o homem

  • vocacionalredentor
  • 21 de jul. de 2014
  • 3 min de leitura

Este pensamento do filósofo Blaise Pascal, estranha num primeiro momento, é um convite a refletirmos sobre a sublime vocação do ser humano: “o único animal que recebeu a vocação de se tornar Deus”, dirá Basílio de Cesareia, nos primeiros séculos do cristianismo. Há um reflexo de Deus em nós, porque fomos criados à sua imagem e semelhança (Gn 1, 26). O ser humano é capaz de acolher em si todo o universo, como também pode compreendê-lo porque ele próprio é um universo. Por ser criado à imagem de Deus, o homem escapa a toda definição fechada. Ele é, ao mesmo tempo, um“microcosmos” e um “microtheos”, ou seja, uma síntese do universo e, simultaneamente, participante da divindade, como filho de Deus. O reflexo divino que Deus imprime em nós é a própria glória de Deus, que permite ao ser humano ultrapassar-se a si mesmo, assumindo sua humanidade em plenitude e contribuindo para vivificar todo o universo.


A tradição cristã nos ensina que Deus nos criou para a vida, que implica, entre outras coisas, num contínuo movimento de louvor, adoração, reverência, alegria e gratidão. Todas essas ações dentro da lógica do infinito e incondicional amor de Deus por nós que tanto exaltam os profetas: “porque és precioso a meus olhos, porque eu te aprecio e te amo, permuto reinos por ti, entrego nações em troca de ti” (Is 43, 4). O ser humano é chamado por Deus a viver plenamente sua humanidade num constante hino de louvor e adoração. É exatamente esse movimento que provoca em nós o dinamismo da “imagem de Deus”: o homem se torna maior que o universo, uma existência pessoal, uma liberdade, que tende para o desejo de eternidade, pois seu fundamento último é o Absoluto, a própria Eternidade.


Nada preenche o coração humano, estamos sempre à procura de mais, por algo que nos ultrapasse. É por isso que o filósofo Albert Camus nos lembra que o homem é o único ser que se recusa a ser o que ele é. Sua profundidade insondável é o lugar onde habita Deus. Embora seja imagem de Deus, o ser humano deve empreender o caminho para se tornar semelhante ao seu Criador, que não é outra coisa senão um dinamismo de ressureição, comunhão e participação. É adentrar no mistério da criação, que caminha para a sua plenitude, quando “Deus será tudo em todos”. E aqui é importante saber que ninguém está fora desse movimento; consciente ou inconscientemente, todos caminhamos para uma comunhão total à semelhança da Trindade (Jo 17, 21).


O ser humano todo está envolvido na dinâmica da imagem e semelhança, corpo e espírito: “Deus se fez homem para que o homem pudesse tornar-se Deus” dirão os Padres da Igreja, é em Cristo que somos vivificados pelo Espírito e nos tornamos participantes da natureza divina. A consequência disso é que o homem só pode ser verdadeiro humano e ultrapassar-se em Deus. Quanto mais humanos, mais filhos de Deus, e vice-versa. Ao ser divinizado, a vida do ser humano toma outra dimensão: ela é mais forte que a morte, e todas as suas capacidades se desdobram. Passamos a viver com o coração e pensamentos alargados, abertos e agradecidos, disponíveis, capazes de ultrapassarmos a nós mesmos. Ao contemplarmos nossa sublime vocação, peçamos ao nosso Criador para que sua magnanimidade e magnificência alarguem a nossa alma e nos livre de sermos mesquinhos e pequeninos, pois como nos lembra Martin Buber, a pior coisa que uma pessoa pode fazer a si mesma, é “esquecer-se que é filha de um Rei”.



Rodrigo Costa Silva Noviço / Província do Rio


 
 
 

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