A bandeira da paz!
- vocacionalredentor
- 11 de jun. de 2014
- 2 min de leitura
Deveria ser o manto sagrado, almejado por todos. Uma espécie de construção de cores variadas, tecida com os retalhos de cada cultura, raça ou nação. Ela, a paz, feita não de pano, mercadoria; tecida, isso sim, com a firme decisão de promover o bem. Não surge de maneira mágica, pacote pronto do além. É presença, sim, do infinito. Graça do Senhor da vida que chega como convite. Todavia, na terra, configura-se como tarefa cotidiana da alma humana. De alguma forma, a humanidade, em cada tempo, deve escolher: entre gestar um coração pacífico ou acostumar-se com a violência. Aliás, destruir o outro, a natureza não é novidade. Faz parte das pulsões mais primitivas. Construção nobre, que um grupo ou nação pode alcançar, é empenhar-se na defesa pela dignidade da criação. Para o cristão, é mandamento primeiro, porque amar é plenitude dos dons, tem a força de eternidade. Então, quais importantes fios para que a costura dessa bandeira não seja tão frágil? A globalidade dos cenários atuais, visível, sobretudo, na facilidade da intercomunicação de pessoas, países, continentes, é terreno bom para a busca de uma paz universal. Mesmo em meio aos conflitos, inegáveis são os avanços, os instrumentos disponíveis para confirmar as relações democráticas. Disso não se pode abrir mão ou desmerecer. É preciso reforçar as clareiras de solidariedade, o dom da fraternidade, sem ingenuidade ou sem querer abolir diferenças vitais. Mas, cuidado companheiro! O caminho é longo e pra vida toda. Algumas posturas? A primeira atitude seria a reverência de espírito diante do autor da vida. Não é possível imaginar um combate forte às pequenas e grandes guerras desastrosas, sem a busca pelas coisas do alto. A vida é mistério do qual nenhuma entidade ou pessoa pode querer ser proprietária, em absoluto. Ela deve, primeiramente, ser acolhida como sopro divino. Sem esse alicerce espiritual comum, certamente alguma autoridade, pessoal ou coletiva, tomará o leme, impondo suas verdades, na pretensão de reger o destino dos outros. Lembre-se: o horizonte comum da criatura é a finitude que afirma que as verdades, por melhores que sejam, são carregadas de interesses. Esse referencial que interpela o coração e a consciência humana a segui-lo, ou seja, a grandeza do divino que tudo rege, acena para a urgência de criar um mundo no qual o bem comum seja prioridade. Nunca se falou e se viu tantas reivindicações. Quantas demandas expressam o cansaço em relação ao descaso com aquilo que é direito de todos. Essa talvez seja a barreira mais adversária da paz: o abismo que separa os ricos dos pobres. Às vezes é até irônico ver os exageros que colocam uma minoria ganhando fortunas e a maioria sem ter o básico para a sobrevivência. Deus faz o sol para todos! É muito bom ver o crescimento de pessoas que conquistam, com o suor do labor, seus sonhos. Mas nem isso autoriza o acúmulo ilimitado porque nas sombras de qualquer exagero haverá alguém sofrendo pela falta. E essa sede por bens parece ter entrado na genética da nova humanidade, certo? É necessário mudar o registro, passar de uma postura neurótica possessiva para a liberdade de filhos e filhas de Deus. Bom seria mesmo começar a viver mais do “ser” do que do “ter”.
Pe. Vicente de Paula Ferreira, C.Ss.R. Superior da Província Redentorista do Rio Fonte: www.provinciadorio.org.br
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