Comunidade Vocacional São Clemente Iniciando mais um ano de caminhada
- vocacionalredentor
- 28 de mai. de 2014
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Os seminaristas da Congregação Redentorista cumprem na Comunidade Vocacional São Clemente (CVSC), em Juiz de Fora (MG), a segunda etapa da formação religiosa. Durante os anos de convivência na casa, localizada no prédio anexo à Igreja da Glória, realizam os estudos relacionados à Filosofia, que propiciam um crescimento pessoal e o surgimento de novos horizontes. É neste período que a pastoral tem importância fundamental e o povo também torna-se formador. Entre os principais objetivos de desenvolvimento humano estão: maturação humano-afetiva, iniciação à vida espiritual e consolidação da experiência cristã, consolidação da vocação e da vocação à vida religiosa e o conhecimento sólido e coerente do homem, do mundo e de Deus. No dia 17 de março, teve início mais um ano na casa, com a chegada de quatro novos membros. Dos nove seminaristas, conversamos com quatro deles, ficando evidente o comprometimento de cada um, certo de ter optado, corretamente, sob a inspiração da luz divina do chamamento.
Gédson Pablo Mendes Santos tem 22 anos e nasceu em Porteirinha, no norte de Minas Gerais. A luz do despertar vocacional surgiu-lhe através de uma ordenação sacerdotal em 2 de janeiro de 2010, na Paróquia de Nossa Senhora da Glória, quando coordenava o grupo de jovens do Encontro de Adolescentes com Cristo (EAC). O prosseguimento de sua jornada contou com o estímulo de uma Filha de Jesus, Irmã Mônica, que com suas orientações clareou o caminho, revelando a importância de se buscar o carisma ideal para toda a vida. De imediato, passou a se informar, sentindo então, mais uma vez, a voz e o chamado de Deus.
- Percebi a vocação missionária e entrei em contato com os Redentoristas. Senti que minha vocação era a de pregar o Evangelho para os pobres e os abandonados, seguindo as palavras de Santo Afonso – afirma.
Na internet encontrou o instrumento ideal e mais próximo para saber mais sobre a Congregação. Solicitou orientação à Província de São Paulo, que o aconselhou procurar uma Casa mais próxima, travando contato então com a Província do Rio de Janeiro. O passo seguinte foi enviar um email para a Pastoral Vocacional, através de Padre Mauro de Almeida, C.Ss.R.
Demonstrando uma fantástica memória, Gédson relata que recebeu uma correspondência do coordenador no dia 8 de março de 2010. Quatro dias depois, estava dirigindo sua motocicleta quando estacionou para atender a ligação em seu celular. Era o Padre Mauro, com o convite para participar de encontros na Casa Dom Muniz, em Belo Horizonte. Passou pelo período de discernimento e foi cada vez mais gostando da experiência, encantado e envolvido pela vivência e pelos ideais de Santo Afonso. Convidado para o Estágio Vocacional participou das atividades realizadas no Seminário da Floresta, em Juiz de Fora (MG), sendo aceito no dia 31 de janeiro de 2011.
Sua mãe já havia falecido, mas o pai sempre o apoiou nas decisões e, a exemplo de quando optara por ser jogador de futebol, esteve ao seu lado por entender sua dedicação à Igreja ao longo de seu percurso. A trajetória futebolística do lateral-esquerdo em Betim durou apenas seis meses. Logo ele estaria desembarcando na Comunidade Vocacional Santo Afonso para cumprir os três anos do ensino médio. Apesar da saudade inicial e mesmo com apenas 20 anos, não teve dificuldades em se adaptar ao jeito, à formação e à nova estrutura de vida em Juiz de Fora. A ausência materna já havia lhe proporcionado responsabilidades e sedimentado sua maturidade. Gédson Santos não hesita e vaticina seu desejo sem pestanejar seu desejo de ser padre:
- A vida missionária está espelhada no ideal de Santo Afonso. Quero traduzir o ideal de Santo Afonso para o século 21. A Congregação Redentorista tem a capacidade de se adaptar a todas as situações comunitárias e paroquiais, por isto meu ideal é ser padre Redentorista.
Maycon Ferreira Martins tem 21 anos e há dois está na Casa São Clemente. Nascido em Vitória (ES), morou a maior parte de sua vida com a avó em Raul Soares, próximo a Ponte Nova (MG). Sua história difere um pouco dos seminaristas que dizem querer ser padre desde criança. Não queria. Todavia, desde os 12 anos ele se dedicava à Igreja, mantendo contato permanente com a comunidade e participando ativamente das leituras durante as celebrações. Cada vez mais foi se envolvendo, como catequista, ministro extraordinário da Eucaristia e ministro da Palavra, além de coordenar o Conselho de Pastoral Paroquial em Raul Soares.
Em agosto de 2010, os Redentoristas foram à cidade em missão e Maycon acompanhou as visitas realizadas às casas. Foi quando recebeu as primeiras explicações sobre a Congregação e seu trabalho, juntamente com o convite para conhecer de perto. Embora tenha dito “não”, no final da missão, um dos seminaristas pediu seu endereço e telefone para futuros contatos. Certamente, seu potencial missionário havia despertado a atenção. Uma semana depois, Padre Mauro de Almeida, C.Ss.R. ligou dizendo que o seminarista havia lhe repassado informações sobre ele, renovando então o convite para que se estabelecesse um processo de acompanhamento. Ele renovou a negativa.
Entretanto, Padre Mauro voltou a telefonar e a fazer o convite. Maycon recorda que estava em um ônibus circular quando o celular tocou e ali mesmo repassou os dados necessários para oficializar o “sim”. De agosto a novembro trocaram telefonemas e correspondências por carta e, em novembro, viajou para a capital mineira, onde durante cinco dias passou a conhecer melhor a Congregação na Escola Dom Muniz.
- Ali comecei a ser cativado e, no mês seguinte, já estava realizando o estágio no Seminário da Floresta. Foi um processo muito rápido e passei a ser acompanhado – afirma.
Logo estava na Comunidade Vocacional Santo Afonso, concluindo o Ensino Médio e sendo aprovado no vestibular de Filosofia da Universidade Federal de Juiz de Fora, onde cursa o 5º período. Maycon Martins tem plena convicção de sua escolha:
- Se não acreditasse, não estaria aqui. Acredito em minha vocação e quero ser padre. Estar aqui na São Clemente é fundamental, pois aqui vemos no outro o mesmo desejo, a mesma vocação. Somos uma família, com o diferencial de que temos o diálogo como base. Aqui não há espaço para a mágoa, o ressentimento e a cara fechada. Estamos todos sob a luz e os ensinamentos de Jesus Cristo, que é o amor.
Luiz Fernando Bazílio Beccalli tem 18 anos, nasceu em Vitória (ES), mas foi criado em Itaguaçu. De família católica, desde criança carrega consigo a certeza de sua vocação: ser padre. Sua mãe garante que já aos 2 anos de idade o menino manifestava sua intenção, que se repetiria ao longo de seu crescimento, a começar pelas brincadeiras com os amigos de infância. Em vez de jogar bola, por exemplo, preferia reproduzir o que via na igreja, tentando falar como o padre durante o ritual da missa. O pai achava que era mera brincadeira, coisa de criança que passaria com o tempo. Seus amigos aceitavam naturalmente e pensavam da mesma forma. Mas não era.
Da mesma árvore genealógica do Padre Maikel Dalbem, C.Ss.R., com parentesco distante, o menino insistia com suas brincadeiras mais lógicas, pegava o missal, fazia hóstias e deixava extravasar sua vocação rezando imaginárias celebrações. Aos 9 anos, Luiz Fernando já participava dos cerimoniais de ordenação da paróquia. Com seu jeito metódico, foi adentrando no mundo religioso e sedimentando a vocação com a qual nascera. Confessa que, ao observar a forma como os Redentoristas lidam com as pessoas o encantaram de imediato: - Este jeito de ir até os pobres, esta forma carinhosa de relacionamento com o povo, revelou o carisma missionário e eu me encantei. E fui constatando que era realmente este caminho que queria vivenciar.
Até 2009, ele passou pelo processo de acompanhamento até ingressar no seminário. Foi selecionado para o estágio, juntamente com Gédson Santos e Maycon Martins, ingressando no início de 2011 na Comunidade Vocacional Santo Afonso, onde viveu durante os três anos do Ensino Médio. Aprovado no vestibular de 2013, cursa o 1º período de Filosofia da UFJF. Naquela Casa, assegura, “compreendi as transformações no seio familiar, vencendo o desafio de conviver com diferentes pessoas”.
Agora, na São Clemente, percebe o amadurecimento da fé e constata cada vez com mais clareza a decisão acertada na escolha de seu caminho. Ser Redentorista, para Luiz Fernando, “é estar ao lado do pobre, que é a figura do Cristo. É ser um homem caridoso, forte na fé e feliz nas dificuldades que se apresentam”. A convivência com os “amigos da trincheira”, conforme gosta de dizer, é vista como fundamental para que todos prossigam na jornada e alcancem o objetivo religioso.
- O que nos dá base é o carisma de Santo Afonso, a devoção à Virgem Maria e à Eucaristia. Temos o outro como espelho, pois tem o mesmo objetivo, a mesma vocação. Quando um amigo de trincheira cai, o outro o levanta. É com o outro que amadurecemos. E tudo isso faz parte do plano de Deus. Esta é a minha vocação – afirma, recorrendo à Constituição nº 20, foco e lema dos Redentoristas: “Fortes na Fé, alegres na Esperança, fervorosos na Caridade, humildes e sempre dados à Oração”.
João Paulo da Silva, de 22 anos, nasceu em Casa Grande, próximo a Conselheiro Lafaiete (MG). É primo de Irmão Domingos, C.Ss.R., e através deste conheceu o Padre Edson Alves da Costa, C.Ss.R., que forneceu-lhe as informações acerca da Congregação Redentorista. Em 2011, participou do retiro da Semana Santa no Seminário da Floresta, após Pe. Edson colocá-lo em contato com o então promotor da Vocacional Pastoral, Padre Ricardo Alexandre, C.Ss.R. Continuou sendo acompanhado e, em agosto, participou de um encontro na casa Dom Muniz, em Belo Horizonte.
Ainda indeciso com relação a qual caminho seguir, passou um tempo refletindo. Voltou a participar de um retiro de Semana Santa em Juiz de Fora, em 2012, e do encontro realizado no mesmo local em setembro, recebendo então o convite para o estágio em janeiro do ano passado. Aceito, ingressou na Comunidade Vocacional Santo Afonso, onde permaneceu durante 2013.
- Tive uma experiência muito boa e aprendi muito com Padre Américo de Oliveira, C.Ss.R., e Irmão Aníbal. Ainda estava sem ter certeza sobre qual caminho tomar e conversei muito com Padre Américo, que me esclareceu várias dúvidas. Foi a partir daí que optei por ser Irmão. Na Casa Santo Afonso a gente vai aprendendo, clareando as ideias para poder enxergar realmente nossa vocação. Já na São Clemente a gente vai amadurecendo – afirma, ressaltando que sempre contou com o apoio da família e que a saudade provocada pela distância pode ser controlada.
João Paulo percebeu que sua escolha deveria recair por se tornar Irmão:
- É este o meu caminho. Vi de perto o trabalho que o Irmão Aníbal realiza, acompanhei de perto e constatei a importância do papel que desenvolve e sua história dentro da Congregação Redentorista. Isto foi um incentivo muito grande para que chegasse à minha decisão.
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